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Gestão Jurídica e Administrativa de Imóveis

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Gestão Jurídica e Administrativa de Imóveis: Aspectos Técnicos e Práticos

O universo imobiliário e de registros públicos é permeado por procedimentos técnicos que impactam tanto indivíduos quanto empresas. Este artigo oferece uma visão detalhada dos principais aspectos administrativos e jurídicos, com foco em tributos, regularização documental, conflitos condominiais e inovações tecnológicas que agregam eficiência ao setor.

 

1. Procedimentos nas Prefeituras

As prefeituras desempenham um papel crucial na gestão e regulamentação de imóveis.

Principais procedimentos:

Emissão de HABITE-SE: Este documento comprova que o imóvel foi construído em conformidade com a legislação urbanística. Sua ausência pode inviabilizar financiamentos ou regularizações.

Cobrança de IPTU: A inadimplência do IPTU é uma das maiores causas de execução fiscal no Brasil, podendo resultar na penhora do imóvel.

Licenciamento ambiental e urbanístico: Essencial para novos empreendimentos e para a adequação às normas locais.

Dica: Sempre mantenha os tributos em dia e verifique o status do imóvel antes de adquirir ou investir.

 

2. Procedimentos nos Cartórios

Os cartórios são responsáveis por garantir a segurança jurídica de transações e registros imobiliários.

Atividades principais:

Registros e Averbações: Alterações como construção, demolição ou mudança de titularidade exigem averbação no Registro de Imóveis (RGI).

Prenotação: Garante prioridade ao ato protocolado primeiro, essencial em disputas por titularidade.

Cancelamento de atos notariais: Ocorre por decisão judicial ou administrativa, como no caso de hipotecas quitadas.

Exemplo prático: Antes de adquirir um imóvel, solicite a certidão de ônus reais para verificar possíveis pendências.

 

3. Tributos e Taxas Imobiliárias

Tributos imobiliários são fundamentais para a regularização de imóveis.

✓ITBI: Incide em transferências onerosas e deve ser recolhido antes da escritura.

✓ITCMD: Pago em doações e heranças, com alíquotas que variam por estado.

✓Laudêmio: Exigido em terrenos de marinha, corresponde a 5% do valor do imóvel.

✓TRSN: Taxa aplicada pelos cartórios para serviços de registro.

Dica: Consulte a legislação municipal e estadual para evitar surpresas no cálculo desses tributos.

 

4. Polêmicas Condominiais

Condomínios são ambientes propensos a conflitos.

Conflitos comuns:

Taxas condominiais: A inadimplência é resolvida judicialmente, podendo levar ao leilão da unidade.

Uso das áreas comuns: Exige regulamentação clara na convenção de condomínio.

Exemplo: Recentemente, a jurisprudência consolidou que condomínios podem negativar inadimplentes em cadastros de crédito.

 

5. Cancelamento de Pendências no RGI

Para cancelar hipotecas, usufrutos ou outras pendências registradas no RGI, é necessário:

Apresentar documentos comprobatórios, como termo de quitação ou sentença judicial.

Realizar o pedido formal no cartório competente.

 

6. Retirada de HABITE-SE

Este documento atesta a conformidade de uma construção e é obrigatório para registro no RGI. A ausência pode desvalorizar o imóvel e inviabilizar negociações.

 

7. Venda de Posses e Benfeitorias

A posse pode ser vendida por contrato particular, mas é essencial discriminar benfeitorias realizadas, especialmente em processos de usucapião.

 

8. Doação e Usucapião

Doação: Deve ser formalizada por escritura pública e registrada, com recolhimento de ITCMD.

Usucapião: Processo judicial ou extrajudicial para aquisição da propriedade com base na posse prolongada e pacífica.

 

9. Cobrança de Dívidas e Execuções

Inadimplências de IPTU ou taxas condominiais podem levar à penhora e leilão do imóvel. Negociações preventivas são fundamentais para evitar custos processuais.

 

10. Alienação Fiduciária e Patrimônio de Afetação

Alienação fiduciária: Permite que o imóvel seja garantia em financiamentos. Em caso de inadimplência, a posse é retomada pelo credor de forma extrajudicial.

Patrimônio de afetação: Protege recursos de incorporadoras, garantindo a conclusão de obras mesmo em falências.

 

11. Notificações, Protestos e Escrituras Digitais

Notificações e protestos: Formalizam cobranças e interrompem prescrições de dívidas.

Escrituras digitais: Permitidas pela Lei 14.382/2022, agilizam transações e reduzem custos.

 

12. Contratos por WhatsApp têm validade?

Embora mensagens possam ser usadas como prova em juízo, contratos formais são mais seguros, especialmente em transações de alto valor.

 

13. Imóvel em Nome de Menor

A venda de imóveis de menores requer autorização judicial para garantir os interesses do incapaz.

 

14. Sistemas Eletrônicos de Registros Públicos (SERP)

A digitalização dos cartórios, regulamentada pela Lei 14.382/2022, permite atos como registros, averbações e cancelamentos online, reduzindo custos e tempo.

 

15. Dívidas de IPTU e Perda do Imóvel

A execução fiscal por inadimplência pode levar à perda do imóvel, especialmente em casos de reincidência.

 

Conclusão

A gestão de imóveis exige atenção à legislação, regularização de documentos e cumprimento de tributos. O conhecimento técnico dessas questões evita prejuízos financeiros e garante a segurança jurídica de transações imobiliárias.

Dica final: Busque sempre a orientação de profissionais especializados, como advogados ou tabeliães, para assegurar que todos os procedimentos sejam realizados de forma correta e eficiente.

 

 

Esse artigo foi escrito por Paulo Roberto Fonseca